terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ser Mulher

Hoje, conversando com uma amiga sobre questões que afligem garotas da nossa idade (questõe sexuais, como sempre), me deparei com a seguinte pergunta: O que é ser Mulher?
Será que pra ser Mulher basta ter nascido do sexo feminino? Ter seios,útero, ovários e vagina?
Será que pra ser Mulher você precisa ter mais de 18 anos?
Ou será que pra ser Mulher basta ter relações sexuais?
ALGUÉM ME DÁ UMA PÍLULA!
QUERO VIRAR MULHER!
Pronto! Fiz sexo! E agora? Espero? Será que já virei Mulher? Porra! Já faz 1 hora!!!

É essa a ideia que muitas meninas tem do que é ser Mulher. O que elas não sabem, é que não basta ter nascido com vagina, usar maquiagem, fazer charminho e abrir as pernas. Não basta nascer Mulher, tem que SABER SER MULHER.
Uma Mulher, mas uma Mulher de verdade, com M maiúsculo, não é aquela que sabe dar prazer ao seu Homem, uma Mulher é aquela que sabe dar prazer e conforto e carinho, porque nem só de sexo vive um Homem. Uma Mulher não é aquela que vive só pro marido, uma Mulher de verdade vive para o marido, os filhos, mas principalmente,pra ela mesma, por que se ela não se amar, quem vai amá-la?
Uma Mulher de verdade não é a puta e nem a freira, ela tem as duas em harmonia dentro dela, ela é a brisa nos dias quentes, e o fogo nas noites frias...
Uma mulher de verdade é segura de si. Sabe quais são suas qualidades e defeitos,e usa tudo a seu favor.
Uma Mulher de verdade é uma leoa quando se trata da proteção dos seus filhos e da caça aos seus objetivos. Nunca desiste, mas se retira quando sabe que perdeu, e pode acreditar, deve ter sido uma bela luta!
Uma mulher de verdade tem olhos de águia, andar felino e veneno de serpente, coitado do Homem por quem ela se interessar!
Enfim! Existem Mulheres e mulheres. Muitas delas estão ao seu redor. Guerreiras ou Princesas, Médicas ou Professoras, Policiais ou Donas de casa, Prostitutas ou Donzelas! Algumas são de Verdade, outras são Fake!
Não importa a sua cor, raça, profissão, escolaridade ou credo. Ser Mulher não é o que você nasceu, ninguém pode te fazer Mulher. Somente você pode se fazer Mulher.
Ser Mulher é um aprendizado constante, são lágrimas e sorrisos, alegrias e tristezas, felicidades e dores, amores e horrores!
Eu ainda sou uma criança, mas um dia serei uma Mulher!

Mas e você?
Quer brincar comigo?
Kkkkk

Ideane Claudia

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Hoje

Hoje eu quero te abraçar
Te segurar junto ao meu peito
Mexer no seu cabelo e acariciar sua nuca
Beijar a sua boca e olhar os teus olhos
Me moldar a teu corpo e me encaixar em suas pernas
Falar porcarias e rir de besteiras
Imaginar o q você está pensando quando me olha assim...
Hoje eu quero te ver sorrir e saber que é pra mim.

Ideane Claudia.

domingo, 24 de outubro de 2010

Boys Don't Cry - The Cure




I would say I'm sorry
If I thought that it would change your mind
But I know that this time
I have said too much
Been too unkind

I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to
Laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'cause boys don't cry
Boys don't cry

I would break down at your feet
And beg forgiveness
Plead with you
But I know that
It's too late
And now there's nothing I can do

So I try to laugh about it
Cover it all up with lies
I try to
laugh about it
Hiding the tears in my eyes
'cause boys don't cry
Boys don't cry

I would tell you
That I loved you
If I thought that you would stay
But I know that it's no use
That you've already
Gone away

Misjudged your limits
Pushed you too far
Took you for granted
I thought that you needed me more

Now I would do most anything
To get you back by my side
But I just
Keep on laughing
Hiding the tears in my eyes
'cause boys don't cry
Boys don't cry
Boys don't cry


Garotos Não Choram The Cure Revisar tradução CancelarSalvar
Eu diria que estou arrependido
Se achasse que isto faria você mudar de idéia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais,
fui indelicado demais

Eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento
rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu me desmancharia aos seus pés
Mendigaria seu perdão,
imploraria a você
Mas eu sei que
é tarde demais
E agora não há nada que eu possa fazer

Por isso eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento
rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram

Eu diria a você
que te amava
Se achasse que você ficaria
Mas eu sei que é inútil
E você realmente
foi embora

Julguei mal o seu limite
Fiz você ir longe demais
Te subestimei, não te dei valor
Pensei que você precisasse mais de mim

Agora eu faria qualquer coisa
Para ter você de volta ao meu lado
Mas eu só
fico rindo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram garotos
Garotos não choram
Garotos não choram



http://www.vagalume.com.br/the-cure/boys-dont-cry.html#ixzz13KFUUr4U


Se eu fosse um "Boy" essa seria minha música neste momento, mas independente do meu sexo, adoro essa música !

Obsessive Devotion

(...) E se ela for sua Lua
Eu serei sua Terra
Pra onde você poderá retornar
Salvo, ou machucado (...)



Levemente alterada da tradução da música " The Obsessive Devotion " da banda Epica.

Vou me pintar de negro ( corrigido )

Vou me pintar de negro
Para esquecer essa dor no meu peito
Para me apagar, me incorporar às sombras
Para que você não me veja seguindo os teus passos.

Vou arrancar meus olhos pra não ver a tua alegria
Pra não ver que perdi o que antes eu tinha.
Vou gritar até ficar muda, sangrar a minha garganta
E rasgá-la pra que mais nenhuma palavra profira.

Vou retalhar minha pele quando tocares a pele dela
Vou ferir meus ouvidos e cegar meus olhos
Pra não te ouvir cantar sem que seja pra mim
Pra não te ver dedicar a ela a canção que era minha.

Vou me pintar de negro
Para não ouvir o silêncio que vem de ti.




Minha Amiga Jucely Regis fez a correção!

A Garota do Blog Verde faz milagres!!!!!

domingo, 17 de outubro de 2010

Vou me pintar de negro

Vou me pintar de negro
Pra esquecer essa dor no meu peito
Pra ne apagar, me incorporar as sombras
Pra que você não me veja seguindo os teus passos.
Vou arrancar meus olhos pra não ver a tua alegria...
Pra não ver o que tinha e perdi.
Vou gritar até ficar muda, rasgar minha garganta até que sangre
Pra que não possa proferir nenhuma palavra!
Vou retalhar minha pele toda vez que te vir tocando a pele dela...
Vou ferir meus ouvidos
Toda vez que te ouvir cantando a minha música pra ela...
Vou me pintar de negro...
Pra não ouvir o silêncio que vem de ti !

Ideane

domingo, 3 de outubro de 2010

Monstros... Monstros por toda parte...






Eles povoam a nossa imaginação. Ocultam-se sob nossas camas. Rastejam nos obscuros recessos de nosso inconsciente primitivo.

Não há fuga, não há refúgio a — coisa vai pegar você. A Besta, o aniquilador, o Lusus Natura. O que é? Por que o tememos? Qual é o seu nome?

Sempre tivemos nossos demônios. Há muito inflamam a imaginação romântica de sacerdotes e poetas.
Houve um tempo em que os denominamos Trolls,depois foram chamados de Diabos, e então vieram as Bruxas misturando poções maléficas em seus caldeirões. Ainda mais tarde, dizia-se que o Monstro era o Lobo Mau, o Bicho Papão, o Godzilla do terror da Guerra Fria. Por fim, alguns chamaram-no de intolerância e boçalidade. Durante algum tempo tentaram convencer-nos de que monstros não existem, que tudo no universo tinha, ou logo viria a ter, uma explicação racional.
Mas agora sabemos a verdade. Reatamos nossas relações com a Besta. Aprendemos o seu verdadeiro nome.
Agora compreendemos a dimensão da eternidade,sua infinitude inimaginável, sua estrutura caótica e a insignificância de nossa própria existência. Agora admitimos a magnitude dos problemas que enfrentamos e a nossa aparente incapacidade de gerar mudanças na escala necessária para salvar-nos.
Tivemos um lampejo da realidade e enxergamos a verdade por trás do véu. Fechamos o círculo e redescobrimos o Demônio. Recuperamos nossa herança ancestral. Achamos aquilo a que concedemos tantos nomes - a fonte de nosso terror mortal.

Descobrimos o inimigo... e somos nós mesmos.




Vampiro a Máscara



Obs: Porque Lois e Lestat?

Pra quem conhece a obra da minha querida Anne Rice, essa pergunta seria facilmente respondida. Pra quem não sabe, Lois e Lestat viveram sempre com a questão da humanidade em suas cabeças... Sempre quiseram saber se eram monstros ou criações divinas. O Lestat realmente achou que fosse um demônio, e até chegou a se comportar como tal, vivendo a vida sem pensar nos humanos, os quais eles chamavam de jardim, seu jardim para caça,onde monstros como eles poderiam se deliciar com os mais doces sabores sanguíneos! Enquanto Lestat não se perturbava com isso, Lois se martirizava só ao pensar em tirar uma vida humana! Chegou ao ponto de drenar o sangue de ratos e outros bichos pequenos.
Enfim, Algumas pessoas não se cconhecem ou não aceitam o que são.Após ler esse post, estou certa de que algumas pessoas repensarão seus futuros atos,e se arrependeram dos passados.

Boa Leitura e tenha Doces Pesadelos!

Eu queria ser...



O canudinho do Kellan !!!

Eu queria ser...


A Bella! kkkk

Da série " Eu queria ser..."


...A camisa molhada do Taylor Lautner!

(pra ficar agarradinha ao tanquinho do garoto)! Eeeek!

Da série " Eu queria ser...''


A bolsa do Kellan Lutz...kkkk


Menina como ele pega forte!!!! UUIIIIII!

sábado, 1 de maio de 2010

EU LHE APRESENTO O TEATRO DOS VAMPIROS !!!



O TEATRO DOS VAMPIROS É O MAIOR ESPETÁCULO DE BULEVAR!

Uma risada alta e aguda escapou da boca de Nicki.Seu peito estremeceu com ela.Seus braços e pernas sacudiram.
Os outros encararam atômicos. Mas outra vez como se possuídos por uma única mente, eles bateram palmas e urraram. Saltaram no ar gritando de alegria. Jogaram os braços em torno do pescoço dele e o beijaram-no. Formaram um circulo em volta dele e fizeram-no girar com os braços. As risadas aumentaram, borbulhando na boca de todos, enquanto ele os apertava em seus braços e correspondia aos seus beijos; e com suas compridas línguas cor de rosa, eles lamberam o suor do sangue de seu rosto. Se afastaram e voltaram para a platéia inexistente Fizeram reverencias para as luzes do palco.

-O Teatro dos VampirosLestat sussurra –Nós encenaremos o poder das trevas neste pequeno lugar!Dono: Lestat de Valois Lioncourt
Diretor: Armand
Escritor: Nicolas de Lenfent

Atores: Laurent, Eleni, Félix, Eugénie

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Casal Perfeito


CASAL PERFEITO



Era uma vez um homem perfeito que conheceu uma mulher perfeita.

Namoraram e um dia se casaram. Formavam um casal perfeito.

Numa noite de Natal, ia o casal perfeito, por uma estrada deserta, quando viram alguém no acostamento pedindo ajuda.

Como eram pessoas perfeitas, pararam para ajudar.

Essa pessoa era nada mais nada menos do que Papai Noel, cujo trenó havia enguiçado.

Não querendo deixar milhões de crianças decepcionadas, o casal perfeito se ofereceu para ajudá-lo a distribuir os presentes.

O bom velhinho entrou no carro e lá foram eles. Infelizmente o carro se envolveu em um acidente e somente um dos três ocupantes sobreviveu.




Pergunta:

Quem foi o sobrevivente do trágico acidente?
A mulher perfeita, o homem perfeito ou o Papai Noel?

(leia mais abaixo)





















Resposta: A mulher perfeita sobreviveu.

Na verdade, ela era a única personagem real dessa história. Todo mundo sabe que Papai Noel e homem perfeito não existem.

Se você é mulher, pode fechar a mensagem, a piada acaba aqui.

(Homens podem continuar lendo abaixo)


















Agora, se Papai Noel não existe, nem homem perfeito,

fica claro que quem dirigia era a mulher

- o que explica o acidente...







............OBS: Se você é mulher e leu até aqui, fica provada mais uma teoria:
mulheres são curiosas, metem o bedelho onde não são chamadas e são incapazes de seguir instruções.

Tá rindo de quê.....??????????

sábado, 10 de abril de 2010

Você sabe que é um Bookaholic quando...



• você descobre que comprou um livro que já tinha;
• você compra livros mesmo tendo uma pilha enorme de livros ainda para ler;
• você descobre que ADORA o cheiro de livro novos;
• você não consegue parar de buscar informações e de obter sempre livros novos, mesmo que ainda não tenha lido aqueles que já tem em mãos;
• você só vai dormir ao chegar no fim do livro;
• você quer ler todos os livros do mundo de uma vez só;
• você quando você fica super deprê quando não consegue ou super contente quando compra;
• você não quer emprestar nenhum de seus livros, porque pode não recebê-los de volta e vc quer guardá-los para o caso de querer reler um dia;
• você escolhe suas bolsas baseado no fato de se são grandes o suficiente para caber um livro;
• você tem e-books em todas os seus aparelhos: pc, notebook, celular, mp4, etc;
• você lê mais livros do que o seu dinheiro consegue comprar e/ou o limite do seu cartão de crédito foi totalmente utilizado para comprar livros;
• você lê dentro do onibus, mesmo sabendo que pode causar deslocamento de retina;
• pega vários livros na biblioteca ao mesmo tempo, e compra mais alguns mesmo sabendo que não tem tempo para ler;
• fica sem saber como vai incluir no orçamento o presente de aniversário de seu namorado/marido e ainda aqueles livrinhos que vc queria comprar;
• lê durante as aulas na maior cara de pau (escondendo o livro com o caderno ou o livro da escola;
• você relê o mesmo livro mil vezes e a cada relida percebe um detalhe que passou despercebido, ou que vc já tinha esquecido;
• vê um amigo lendo um livro que vc já leu e recita as falas dos personagens com perfeição. Não posso evitar, é como um jogo viciante;
• se pergunta se existe um Leitores Compulsivos Anônimos;
• faz a mala pra viajar e leva vários livros e quando chega na cidade vai logo procurar uma livraria ou uma feira de livros
• Você lê pelo menos 3 livros por semana...
• Mesmo sabendo que tem que acordar cedo continua lendo de madrugada até que fique tão cansada que as palavras fiquem embaralhadas.
• Quando você acorda e a primeira coisa que pensa é no livro que está lendo.
• Quando você dá gargalhadas ou faz beicinho com passagens dos livros enquanto lê no ônibus ou na fila do banco e todo mundo te olha como se fosse louca..
• Não dorme porque fica lendo o livro até de manhã.
• não dorme porque fica pensando no livro que está lendo.
• sonha com os personagens dos livros.
• deixa de sair de casa pra ficar lendo.
• percebe que está lendo mais de 10 livros ao mesmo tempo.
• começa a comentar coisas com sua mãe, e ela não faz a mínima idéia sobre o que vc tá falando.
• fica horas formulando uma teoria.
• Entra numa livraria e só falta ter um ataque do coração.
• descobre um livro novo e não consegue dormir pensando em como ele deve ser legal e que precisa ler ele urgentemente.
• você fica fuçando varios sites em busca de mais livros pra ler. (como se já não bastasse aquela lista enorme de livros pendentes kkk)
• fica horas conversando com as tradutoras e leitoras nos tópicos, formulando teorias, fazendo loucuras e falando sobre os personagens.
• não aguenta mais esperar a tradução e lê tudo em inglês ou na tradução mecânica de uma vez (ps: isso sempre acontece comigo HAHAHA)

domingo, 28 de março de 2010

Como tratar um homem


Devemos trata-los com o mesmo carinho que a MAIORIA nos trata.! kkkk

domingo, 14 de março de 2010

Para entender as diferenças do Metal e do Rock


Para entender as diferentes vertentes do Metal e do Rock, vamos imaginar uma situação e seus respectivos desfechos na abordagem de cada estilo.

"No alto do castelo, há uma linda princesa - muito carente - que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão"...

METAL MELÓDICO:

O protagonista chega no castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

TRUE METAL:

O protagonista chega no castelo e vence o dragão em uma batalha justa usando uma espada. Banhado no sangue do dragão, transa com a princesa.

THRASH METAL:

O protagonista chega no castelo, duela com o dragão, salva a princesa e transa com ela.

HEAVY METAL:

O protagonista chega no castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela.

FOLK METAL:

O protagonista chega acompanhado de vários amigos tocando acordeon, alaúde, viola e outros instrumentos estranhos. Fazem o dragão dormir depois de tanto dançar, e vão embora... sem a princesa.

VIKING METAL:

O protagonista chega em um navio, mata o dragão com um machado, assa e come. Estupra a princesa, pilha o castelo e toca fogo em tudo antes de ir embora.

DEATH METAL:

O protagonista chega, mata o dragão, transa com a princesa, mata a princesa e vai embora.

BLACK METAL:

Chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

GORE:

Chega, mata o dragão. Sobe no castelo, transa com a princesa e a mata. Depois transa com ela de novo. Queima o corpo da princesa e transa com ele de novo.

SPLATTER:

Chega, mata o dragão, abre-o com um bisturi. Sodomiza a princesa com as tripas do dragão. Abre buracos nela com o bisturi e estupra cada um dos buracos. Depois mata a princesa, faz uma autópsia, tira fotos, e lança um album cuja capa é uma das fotos.

DOOM METAL:

Chega no castelo, olha o tamanho do dragão, fica deprimido e se mata. O dragão come o cadáver do protagonista e depois come a princesa.

WHITE METAL:

Chega no castelo, exorciza o dragão, converte a princesa e usa o castelo para sediar mais uma "Igreja Universal do Reino de Deus".

imagemspace_multi("dragao/006.jpg","","dragao/007.jpg","","dragao/008.jpg","","dragao/009.jpg",""); NEW METAL:

Chega no castelo se achando o bonzão e dizendo o quanto é bom de briga. Acha que é capaz de vencer o dragão; perde feio e leva o maior cacete. Foge e encontra a princesa. Conta para ela sobre a sua infância triste. A princesa dá um soco na cara dele e vai procurar o protagonista Heavy Metal. O protagonista New Metal toma um prozak e vai gravar um disco "The Best Of".

ROCK N'ROLL CLÁSSICO:

Chega de moto fumando um baseado e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim e depois de muito sexo, drogas e rock n roll, tem uma overdose de LSD e morre sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK:

Joga uma pedra no dragão e depois foge. Pixa o muro do castelo com um "A" de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.
PROGRESSIVO:

Chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Chega até a princesa e toca outro solo que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório. A princesa foge e vai procurar o protagonista Heavy Metal.

HARD ROCK:

Chega em um conversível vermelho, com duas loiras peitudas e tomando Jack Daniel's. Mata o dragão com uma faca e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

GLAM ROCK:

Chega no castelo. O dragão rí tanto quando o vê que o deixa passar. Ele entra no castelo, rouba o Hair Dresser e o batom da princesa. Depois a convence a pintar o castelo de rosa e a fazer luzes nos cabelos.

hahahahahahahaha!

Noite na taverna - capítulo III Bertram


III
BERTRAM
But why should I for others groan,
When none will sigh for me!
Childe Harold, I. Byron

Um outro conviva se levantou.
Era uma cabeça ruiva, uma tez branca, uma daquelas criaturas fleumáticas que não hesitarão ao tropeçar num cadáver para ter mão de um fim.
Esvaziou o copo cheio de vinho, e com a barba nas mãos alvas, com os olhos de verde-mar fixos, falou:
— Sabeis, uma mulher levou-me a perdição. Foi ela quem me queimou a fronte nas orgias, e desbotou-me os lábios no ardor dos vinhos e na moleza de seus beijos: quem me fez devassar pálido as longas noites de insônia nas mesas do jogo, e na doidice dos abraços convulsos com que ela me apertava o seio! Foi ela, vós o sabeis, quem fez-me num dia ter três duelos com meus três melhores amigos, abrir três túmulos àqueles que mais me amavam na vida — e depois, depois sentir-me só e abandonado no mundo, como a infanticida que matou o seu filho, ou aquele Mouro infeliz junto a sua Desdêmona pálida!
Pois bem, vou contar-vos uma história que começa pela lembrança desta mulher...
Havia em Cadiz uma donzela... linda daquele moreno das Andaluzas que não há vê-las sob as franjas da mantilha acetinada, com as plantas mimosas, as mãos de alabastro, os olhos que brilham e os lábios de rosa d'Alexandria sem delirar sonhos delas por longas noites ardentes!
Andaluzas! sois muito belas! se o vinho, se as noites de vossa terra, o luar de vossas noites, vossas flores, vossos perfumes são doces, são puros, são embriagadores, vos ainda o sois mais! Oh! por esse eivar a eito de gozos de uma existência fogosa nunca pude esquecer-vos!
Senhores! aí temos vinho de Espanha, enchei os copos: — à saúde das Espanholas!...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Amei muito essa moça, chamava-se Ângela. Quando eu estava decidido a casar-me com ela, quando após das longas noites perdidas ao relento a espreitar-lhe da sombra um aceno, um adeus, uma flor, quando após tanto desejo e tanta esperança eu sorvi-lhe o primeiro beijo, tive de partir da Espanha para Dinamarca onde me chamava meu pai.
Foi uma noite de soluços e lágrimas, de choros e de esperanças, de beijos e promessas, de amor, de voluptuosidade no presente e de sonhos no futuro... Parti. Dois anos depois foi que voltei. Quando entrei na casa de meu pai, ele estava moribundo; ajoelhou-se no seu leito e agradeceu a Deus ainda ver-me, pôs as mãos na minha cabeça, banhou-me a fronte de lágrimas — eram as últimas — depois deixou-se cair, pôs as mãos no peito, e com os olhos em mim murmurou: Deus!
A voz sufocou-se-lhe na garganta: todos choravam.
Eu também chorava, mas era de saudades de Ângela...
Logo que pude reduzir minha fortuna a dinheiro pus-la no banco de Hamburgo, e parti para a Espanha.
Quando voltei. Ângela estava casada e tinha um filho...
Contudo meu amor não morreu! Nem o dela!
Muito ardentes foram aquelas horas de amor e de lágrimas, de saudades e beijos, de sonhos e maldições pare nos esqueceremos um do outro.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Uma noite, dois vultos alvejavam nas sombras de um jardim, as folhas tremiam ao ondear de um vestido, as brisas soluçavam aos soluços de dois amantes, e o perfume das violetas que eles pisavam, das rosas e madressilvas que abriam em torno deles era ainda mais doce perdido no perfume dos cabelos soltos de uma mulher...
Essa noite — foi uma loucura! foram poucas horas de sonhos de fogo! e quão breve passaram! Depois a essa noite seguiu-se outra, outra... e muitas noites as folhas sussurraram ao roçar de um passo misterioso, e o vento se embriagou de deleite nas nossas frontes pálidas...
Mas um dia o marido soube tudo: quis representar de Otelo com ela. Doido!...
Era alta noite: eu esperava ver passar nas cortinas brancas a sombra do anjo. Quando passei, uma voz chamou-me. Entrei. — Ângela com os pés nus, o vestido solto, o cabelo desgrenhado e os olhos ardentes tomou-me pela mão... Senti-lhe a mão úmida.... Era escura a escada que subimos: passei a minha mão molhada pela dela por meus lábios . Tinha saibo de sangue.
— Sangue, Ângela! De quem é esse sangue?
A Espanhola sacudiu seus longos cabelos negros e riu-se.
Entramos numa sala. Ela foi buscar uma luz, e deixou-me no escuro.
Procurei, tateando, um lugar para assentar-me: toquei numa mesa. Mas ao passar-lhe a mão senti-a banhada de umidade: além senti uma cabeça fria como neve e molhada de um líquido espesso e meio coagulado. Era sangue...
Quando Ângela veio com a luz, eu vi... Era horrível!... O marido estava degolado.
Era uma estátua de gesso lavada em sangue... Sobre o peito do assassinado estava uma criança de bruços. Ela ergueu-a pelos cabelos... Estava morta também: o sangue que corria das veias rotas de seu peito se misturava com o do pai!
— Vês, Bertram, esse era o meu presente: agora será, negro embora, um sonho do meu passado. Sou tua e tua só. Foi por ti que tive força bastante para tanto crime... Vem, tudo esta pronto, fujamos. A nós o futuro!
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Foi uma vida insana a minha com aquela mulher! Era um viajar sem fim. Ângela vestia-se de homem: era um formoso mancebo assim. No demais ela era como todos os moços libertinos que nas mesas da orgia batiam com a taça na taça dela. Bebia já como uma inglesa, fumava como uma Sultana, montava a cavalo como um Árabe, e atirava as armas como um Espanhol.
Quando o vapor dos licores me ardia a fronte ela ma repousava em seus joelhos, tomava um bandolim e me cantava as modas de sua terra...
Nossos dias eram lançados ao sono como pérolas ao amor: nossas noites sim eram belas!
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Um dia ela partiu: partiu, mas deixou-me os lábios ainda queimados dos seus, e o coração cheio de gérmen de vícios que ela aí lançara. Partiu. Mas sua lembrança ficou como o fantasma de um mau anjo perto de meu leito.
Quis esquecê-la no jogo, nas bebidas, na paixão dos duelos. Tornei-me um ladrão nas cartas, um homem perdido por mulheres e orgias, um espadachim terrível e sem coração.
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Uma noite eu caíra ébrio as portas de um palácio: os cavalos de uma carruagem pisaram-me ao passar e partiram-me a cabeça de encontro à lájea. Acudiram-me desse palácio. Depois amaram-me: a família era um nobre velho viúvo e uma beleza peregrina de dezoito anos. Não era amor de certo o que eu sentia por ela... Não sei o que foi... Era uma fatalidade infernal. A pobre inocente amou-me; e eu, recebido como o hóspede de Deus sob o teto do velho fidalgo, desonrei-lhe a filha, roubei-a, fugi com ela... E o velho teve de chorar suas cãs manchadas na desonra de sua filha, sem poder vingar-se.
Depois enjoei-me dessa mulher. A saciedade é um tédio terrível. Uma noite que eu jogava com Siegfried — o pirata, depois de perder as últimas jóias dela, vendi-a.
A moça envenenou Siegfried logo na primeira noite, e afogou-se...
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Eis aí quem eu sou: se quisesse contar-vos longas histórias do meu viver, vossas vigílias correriam breves demais…
Um dia — era na Itália — saciado de vinho e mulheres eu ia suicidar-me A noite era escura e eu chegara só na praia. Subi num rochedo: daí minha última voz foi uma blasfêmia, meu último adeus uma maldição, meu último... digo mal, porque senti-me erguido nas águas pelo cabelo.
Então na vertigem do afogo o anelo da vida acordou-se em mim. A princípio tinha sido uma cegueira, uma nuvem ante meus olhos, como aos daquele que labuta na trevas. A sede da vida veio ardente: apertei aquele que me socorria: fiz tanto, em uma palavra, que, sem querê-lo, matei-o. Cansado do esforço desmaiei...
Quando recobrei os sentidos estava num escaler de marinheiros que remavam mar em fora. Aí soube eu que meu salvador tinha morrido afogado por minha culpa. Era uma sina, e negra; e por isso ri-me; ri-me, enquanto os filhos do mar choravam.
Chegamos a uma corveta que estava erguendo âncora.
O comandante era um belo homem. Pelas faces vermelhas caiam-lhe os crespos cabelos loiros onde a velhice alvejava algumas cãs.
Ele perguntou-me:
— Quem és?
— Um desgraçado que não pode viver na terra, e não deixaram morrer no mar.
— Queres pois vir a bordo?
— A menos que não prefirais atirar-me ao mar.
— Não o faria: tens uma bela figura. Levar-te-ei comigo. Servirás...
— Servir!?...— e ri-me: depois respondi-lhe frio: deixai que me atire ao mar...
— Não queres servir? queres então viajar de braços cruzados?
— Não: quando for a hora da manobra dormirei: mas quando vier a hora do combate ninguém será mais valente do que eu...
— Muito bem: gosto de ti, disse o velho lobo do mar. Agora que estamos conhecidos Dize-me teu nome e tua história.
— Meu nome é Bertram. Minha história? escutai: o passado é um túmulo! Perguntai ao sepulcro a história do cadáver cujo guarda o segredo... e ele dir-vos-a apenas que tem no seio um corpo que se corrompe! lereis sobre a lousa um nome — e não mais!
O comandante franziu as sobrancelhas, e passou adiante para comandar a manobra.
O comandante trazia a bordo uma bela moça. Criatura pálida, parecera a um poeta o anjo da esperança adormecendo esquecido entre as ondas. Os marinheiros a respeitavam: quando pelas noites de lua ela repousava o braço na amurada e a face na mão aqueles que passavam junto dela se descobriam respeitosos. Nunca ninguém lhe vira olhares de orgulho, nem lhe ouvira palavras de cólera: era uma santa.
Era a mulher do comandante.
Entre aquele homem brutal e valente, rei bravio ao alto mar, esposado, como os Doges de Veneza ao Adriático, à sua garrida corveta — entre aquele homem pois e aquela madona havia um amor de homem como palpita o peito que longas noites abriu-se às luas do oceano solitário, que adormeceu pensando nela ao frio das vagas e ao calor dos trópicos, que suspirou nas horas de quarto, alta noite na amurada do navio, lembrando-a nos nevoeiros da cerração, nas nuvens da tarde… Pobres doidos! parece que esses homens amam muito! A bordo ouvi a muitos marinheiros seus amores singelos: eram moças loiras da Bretanha e da Normandia, ou alguma espanhola de cabelos negros vista ao passar sentada na praia com sua cesta de flores, ou adormecida entre os laranjais cheirosos, ou dançando o fandango lascivo nos bailes ao relento! Houve-as... junto a mim, muitas faces ásperas e tostadas ao sol do mar que se banharam de lágrimas...
Voltemos a história. — O comandante a estremecia como um louco: — um pouco menos que a sua honra, um pouco mais que sua corveta.
E ela!?... ela no meio de sua melancolia, de sua tristeza e sua palidez, ela sorria as vezes quando cismava sozinha, mas era um sorrir tão triste que doía. Coitada!
Um poeta a amaria de joelhos. Uma noite — de certo eu estava ébrio — fiz-lhe uns versos. Na lânguida poesia, eu derramara uma essência preciosa e límpida que ainda não se poluíra no mundo...
Bofé que chorei quando fiz esses versos. Um dia, meses depois, li-os, ri-me deles e de mim; e os atirei ao mar... Era a última folha da minha virgindade que lançava ao esquecimento...
Agora, enchei os copos: o que vou dizer-vos é negro, e uma lembrança horrível, como os pesadelos no Oceano.
Com suas lágrimas, com seus sorrisos, com seus olhos úmidos e os seios intumescidos de suspiros, aquela mulher me enlouquecia as noites. Era como uma vida nova que nascia cheia de desejos, quando eu cria que todos eles eram mortos como crianças afogadas em sangue ao nascer.
Amei-a: por que dizer-vos mais? Ela amou-me também. Uma vez a luz ia límpida e serena sobre as águas, as nuvens eram brancas como um véu recamado de pérolas da noite, o vento cantava nas cordas. Bebi-lhe na pureza desse luar, ao fresco dessa noite, mil beijos nas faces molhadas de lágrimas, como se bebe o orvalho de um lírio cheio. Aquele seio palpitante, o contorno acetinado, apertei-os sobre mim...
O comandante dormia
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Uma vez ao madrugar o gajeiro assinalou um navio. Meia hora depois desconfiou que era um pirata...
Chegávamos cada vez mais perto. Um tiro de pólvora seca da corveta reclamou a bandeira. Não responderam. Deu-se segundo: nada. Então um tiro de bala foi cair nas águas do barco desconhecido como uma luva de duelo. O barco que até então tinha seguido rumo oposto ao nosso e vinha proa contra nossa proa virou de bordo e apresentou-nos seu flanco enfumaçado: um relâmpago correu nas baterias do pirata, um estrondo seguiu-se... e uma nuvem de balas veio morrer perto da corveta.
Ela não dormia, virou de bordo: os navios ficaram lado a lado. À descarga do navio de guerra o pirata estremeceu como se quisesse ir a pique.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
O pirata fugia: a corveta deu-lhe caça: as descargas trocaram-se então mais fortes de ambos os lados.
Enfim o pirata pareceu ceder. Atracaram-se os dois navios como para uma luta. A corveta vomitou sua gente a bordo do inimigo. O combate tornou-se sangrento — era um matadouro!... o chão do navio escorregava de tanto sangue, o mar ansiava cheio de escumas ao boiar de tantos cadáveres. Nesta ocasião sentiu-se uma fumaça que subia do porão. O pirata dera fogo às pólvoras... Apenas a corveta por uma manobra atrevida pôde afastar-se do perigo. Mas a explosão fez-lhe grandes estragos. Alguns minutos depois o barco do pirata voou pelos ares. Era uma cena pavorosa ver entre aquela fogueira de chamas, ao estrondo da pólvora, ao reverberar deslumbrador do fogo nas águas, os homens arrojados ao ar irem cair no oceano.
Uns a meio queimados se atiravam a água, outros com os membros esfolados e a pele a despegar-se-lhes do corpo nadavam ainda entre dores horríveis e morriam torcendo-se em maldições.
A uma légua da cena do combate havia uma praia bravia, cortada de rochedos Aí se salvaram os piratas que puderam fugir.
E nesse tempo enquanto o comandante se batia como um bravo, eu o desonrava como um covarde.
Não sei como se passou o tempo todo que decorreu depois. Foi uma visão de gozos malditos!... eram os amores de Satã e de Eloá, da morte e da vida, no leito do mar.
Quando acordei um dia desse sonho, o navio tinha encalhado num banco de areia: o ranger da quilha a morder na areia gelou a todos... Meu despertar foi a um grito de agonia...
— Olá, mulher, taverneira maldita, não vês que o vinho acabou-se?
Depois foi um quadro horrível! Éramos nós numa jangada no meio do mar. Vós que lestes o Don Juan, que fizestes talvez daquele veneno a vossa Bíblia, que dormistes as noites da saciedade como eu, com a face sobre ele e com os olhos ainda fitos nele, vistes tanta vez amanhecer, sabeis quanto se côa de horror ante aqueles homens atirados ao mar, num mar sem horizonte, ao balanço das águas, que parecem sufocar seu escárnio na mudez fria de uma fatalidade!
Uma noite, a tempestade veio... apenas houve tempo de amarrar nossas munições... Fora mister ver o Oceano bramindo no escuro como um bando de leões com fome, pare saber o que é a borrasca!... fora mister vê-la de uma jangada à luz da tempestade, às blasfêmias dos que não crêem e maldizem, às lágrimas dos que esperam e desesperam, aos soluços dos que tremem e tiritam de susto como aquele que bate a porta do nada... E eu, eu ria: era como o gênio do ceticismo naquele deserto. Cada vaga que varria nossas tábuas descosidas arrastava um homem, mas cada vaga que me rugia aos pés parecia respeitar-me. Era um Oceano como aquele de fogo, onde caíram os anjos perdidos de Milton — o cego: quando eles passavam cortando-as a nado, as águas do pântano de lava se apertavam: a morte era para os filhos de Deus, não pare o bastardo do mal!
Toda aquela noite, passei-a com a mulher do comandante nos braços. Era um himeneu terrível aquele que se consumava entre um descrido e uma mulher pálida que enlouquecia: o tálamo era o oceano, a escuma das vagas era a seda que nos a alcatifava o leito. Em meio daquele concerto de uivos que nos ia ao pé, os gemidos nos sufocavam e nós rolávamos abraçados, atados a um cabo da jangada, por sobre as tábuas...
Quando a aurora veio, restávamos cinco: eu, a mulher do comandante, ele e dois marinheiros…
Alguns dias comemos umas bolachas repassadas da salsugem da água do mar. Depois tudo o que houve de mais horrível se passou...
— Por que empalideces, Solfieri! a vida e assim. Tu o sabes como eu o sei. O que é o homem? é a escuma que ferve hoje na torrente e amanha desmaia, alguma coisa de louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro! O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio das ilusões, vive-se então da seiva do futuro. Depois envelhecemos: quando chegamos aos trinta anos e o suor das agonias nos grisalhou os cabelos antes do tempo e murcharam, como nossas faces, as nossas esperanças, oscilamos entre o passado visionário e este amanhã do velho, gelado e ermo despido como um cadáver que se banha antes de dar a sepultura! Miséria! loucura!
— Muito bem! miséria e loucura! interrompeu uma voz.
O homem que falara era um velho. A fronte se lhe descalvara e longas e fundas rugas a sulcavam: eram ondas que o vento da velhice lhe cavava no mar da vida... Sob espessas sobrancelhas grisalhas lampejavam-lhe os olhos pardos e um espesso bigode lhe cobria parte dos lábios. Trazia um gibão negro e roto, e um manto desbotado, da mesma cor, lhe caia dos ombros.
— Quem és, velho? perguntou o narrador.
— Passava lá fora, a chuva caia a cântaros, a tempestade era medonha, entrei. Boa-noite, senhores! se houver mais uma taça na vossa mesa, enchei-a ate as bordas e beberei convosco.
— Quem és?
—Quem eu sou? na verdade fora difícil dizê-lo: corri muito mundo, a cada instante mudando de nome e de vida. Fui poeta e como poeta cantei. Fui soldado e banhei minha fronte juvenil nos últimos raios de sol da águia de Waterloo. Apertei ao fogo da batalha a mão do homem do século. Bebi numa taverna com Bocage — o português, ajoelhei-me na Itália sobre o túmulo de Dante e fui a Grécia para sonhar como Byron naquele túmulo das glórias do passado. — Quem eu sou? Fui um poeta aos vinte anos, um libertino aos trinta, sou um vagabundo sem pátria e sem crenças aos quarenta. Sentei-me a sombra de todos os sóis, beijei lábios de mulheres de todos os países; e de todo esse peregrinar só trouxe duas lembranças — um amor de mulher que morreu nos meus braços na primeira noite de embriaguez e de febre — e uma agonia de poeta... Dela, tenho uma rosa murcha e a fita que prendia seus cabelos. Dele olhai...
O velho tirou do bolso um embrulho: era um lençol vermelho o invólucro: desataram-no: dentro estava uma caveira.
— Uma caveira! gritaram em torno: és um profanador de sepulturas?
— Olha, moço, se entendes a ciência de Gall e Spurzheim, dize-me pela protuberância dessa fronte, e pelas bossas dessa cabeça quem podia ser esse homem?
— Talvez um poeta... talvez um louco.
— Muito bem! adivinhaste. Só erraste não dizendo que talvez ambas as coisas a um tempo. Sêneca o disse: — a poesia é a insânia. Talvez o gênio seja uma alucinação e o entusiasmo precise da embriaguez para escrever o hino sanguinário e fervoroso de Rouget de l'Isle, ou para, na criação do painel medonho do Cristo morto de Holbein, estudar a corrupção no cadáver. Na vida misteriosa de Dante, nas orgias de Marlowe, no peregrinar de Byron havia uma sombra da doença de Hamlet: quem sabe?
— Mas a que vem tudo isso?
— Não bradastes — miséria e loucura!... vós, almas onde talvez borbulhava o sopro de Deus, cérebros que a luz divindade gênio esclarecia, e que o vinho enchia de vapores e a saciedade de escárnios? Enchei as taças ate a borda! enchei-as e bebei; bebei a lembrança do cérebro que ardeu nesse crânio, da alma que aí habitou, do poeta louco — Werner! e eu bradarei ainda uma vez: — miséria e loucura!
O velho esvaziou o copo, embuçou-se e saiu. Bertram continuou a sua história
— Eu vos dizia que ia passar-se uma coisa horrível: não havia mais alimentos, e no homem despertava a voz do instinto, das entranhas que tinham fome, que pediam seu cevo como o cão do matadouro, fosse embora sangue.
A fome! a sede!... tudo quanto há de mais horrível!...
Na verdade, senhores, o homem é uma criatura perfeita? Estatuário sublime, Deus esgotou no talhar desse mármore todo o seu esmero. Prometeu divino, encheu-lhe o crânio protuberante da luz do gênio. Ergueu-o pela mão, mostrou-lhe o mundo do alto da montanha, como Satã quarenta séculos depois o fez a Cristo, e disse-lhe: Vê, tudo isso e belo — vales e montes, águas do mar que espumam, folhas das florestas que tremem e sussurram como as asas dos meus anjos — tudo isso é teu. Fiz-te o mundo belo no véu purpúreo do crepúsculo, dourei-to aos raios de minha face. Ei-lo rei da terra! banha a fronte olímpica nessas brisas, nesse orvalho, na escuma dessas cataratas. Sonha como a noite, canta como os anjos, dorme entre as flores! Olha! entre as folhas floridas do vale dorme uma criatura branca como o véu das minhas virgens, loira como o reflexo das minhas nuvens, harmoniosa como as aragens do céu nos arvoredos da terra. É tua: acorda-a, ama-a e ela te amará; no seio dela, nas ondas daquele cabelo, afoga-te como o sol entre vapores. Rei no peito dela, rei na terra, vive de amor e crença, de poesia e de beleza, levanta-te, vai, e serás feliz!
Tudo isso é belo, sim!... mas é a ironia mais amarga, a decepção mais árida de todas as ironias e de todas as decepções. Tudo isso se apaga diante de dois fatos muito prosaicos — a fome e a sede.
O gênio, a águia altiva que se perde nas nuvens, que se aquenta no eflúvio da luz mais ardente do sol — cair assim com as asas torpes e verminosas no lodo das charnecas? Poeta! porque no meio do arroubo mais sublime do espírito, uma voz sarcástica e mefistofélica te brada: — meu Faust, ilusões... a realidade é a matéria!?... Deus escreveu    ´   na fronte de sua criatura! — Don Juan! porque choras a esse beijo morno de Haidea que desmaia-te nos braços?!... a prostituta vender-tos-a amanhã mais queimadores!... Miséria!... E dizer que tudo o que há de mais divino no homem, de mais santo e perfumado na alma se infunde no lodo da realidade, se revolve no charco e ache ainda uma convulsão infame pare dizer — sou feliz!. . .
Isso tudo, senhores, pare dizer-vos uma coisa muito simples... um fato velho e batido, uma pratica do mar, uma lei do naufrágio — a antropofagia.
Dois dias depois de acabados os alimentos, restavam três pessoas: eu, o comandante e ela. — Eram três figuras macilentas como o cadáver, cujos peitos nus arquejavam como a agonia, cujos olhares fundos e sombrios se injetavam de sangue como a loucura.
O uso do mar — não quero dizer a voz da natureza física, o brado do egoísmo do homem —manda a morte de um para a vida de todos. Tiramos a sorte... o comandante teve por lei morrer.
Então o instinto de vida se lhe despertou ainda. Por um dia mais, de existência, mais um dia de fome e sede, de leito úmido e varrido pelos ventos frios do norte, mais umas horas mortas de blasfêmia e de agonia, de esperança e desespero, de orações e descrenças, de febre e de ânsia, o homem ajoelhou-se, chorou, gemeu a meus pés...
— Olhai, dizia o miserável, esperemos até amanhã... Deus terá compaixão de nos... Por vossa mãe, pelas entranhas de vossa mãe! por Deus se ele existe! deixai, deixai-me ainda viver!
Oh! a esperança é pois como uma parasita que morde e despedaça o tronco, mas quando ele cai, quando morre e apodrece, ainda o aperta em seus convulsos braços! Esperar! quando o vento do mar açoita as ondas, quando a escuma do oceano vos lava o corpo lívido e nu, quando o horizonte é deserto e sem termo e as velas que. branqueiam ao longe parecem fugir! Pobre louco!
Eu ri-me do velho. Tinha as entranhas em fogo. Morrer hoje, amanhã, ou depois... tudo me era indiferente, mas hoje eu tinha fome, e ri-me porque tinha fome.
O velho lembrou-me que me acolhera a seu bordo, por piedade de mim, lembrou-me que me amava... e uma torrente de soluços e lágrimas afogava o bravo que nunca empalidecera diante da morte.
Parece que a morte no oceano é terrível para os outros homens: quando o sangue lhes salpica as faces, lhes ensopa as mãos, correm a morte como um rio ao mar, como a cascavel ao fogo. Mas assim... no deserto das águas... eles temem-na, tremem diante da caveira fria da morte!
Eu ri-me porque tinha fome.
Então o homem ergueu-se. A fúria levantou nele com a última agonia. Cambaleava e um suor frio lhe corria no peito descarnado. Apertou-me nos seus braços amarelentos, e lutamos ambos corpo a corpo, peito a peito, pé por pé... por um dia de miséria!
A lua amarelada erguia sua face desbotada, como uma meretriz cansada de uma noite de devassidão, o céu escuro parecia zombar desses dois moribundos que lutavam por uma hora de agonia...
O valente do combate desfalecia... caiu: pus-lhe o pé na garganta, sufoquei-o e expirou...
Não cubrais o rosto com as mãos — faríeis o mesmo... Aquele cadáver foi nosso alimento dois dias...
Depois, as aves do mar já baixavam para partilhar minha presa; e às minhas noites fastientas uma sombra vinha reclamar sua ração de carne humana...
Lancei os restos ao mar...
Eu e a mulher do comandante passamos um dia, dois, sem comer nem beber...
Então ela propôs-me morrer comigo. — Eu disse-lhe que sim. Esse dia foi a última agonia do amor que nos queimava: gastamo-lo em convulsões para sentir ainda o mel fresco da voluptuosidade banhar-nos os lábios... Era o gozo febril que podem ter duas criaturas em delírio de morte. Quando soltei-me dos braços dela a fraqueza a fazia desvairar. O delírio tornava-se mais longo, mais longo: debruçava-se nas ondas e bebia a água salgada, e oferecia-ma nas mãos pálidas, dizendo que era vinho. As gargalhadas frias vinham mais de entuviada...
Estava louca.
Não dormi, não podia dormir: uma modorra ardente me fervia as pálpebras, o hálito de meu peito parecia fogo, meus lábios secos e estalados apenas se orvalhavam de sangue.
Tinha febre no cérebro... e meu estômago tinha fome. Tinha fome como a fera.
Apertei-a nos meus braços, oprimi-lhe nos beiços a minha boca em fogo, apertei-a convulsivo, sufoquei-a. Ela era ainda tão bela!
Não sei que delírio estranho se apoderou de mim. Uma vertigem me rodeava. O mar parecia rir de mim, e rodava em torno, escumante e esverdeado, como um sorvedouro. As nuvens pairavam correndo e pareciam filtrar sangue negro. O vento que me passava nos cabelos murmurava uma lembrança.
De repente senti-me só. Uma onda me arrebatara o cadáver. Eu o vi boiar pálido como suas roupas brancas, seminu, com os cabelos banhados de água; eu via-o erguer-se na escuma das vagas, desaparecer, e boiar de novo; depois não o distingui mais: — era como a escuma das vagas, como um lençol lançado nas águas...
Quantas horas, quantos dias passei naquela modorra nem o sei... Quando acordei desse pesadelo de homem desperto, estava a bordo de um navio.
Era o brigue inglês Swallow, que me salvara...
Olá, taverneira, bastarda de Satã! não vês que tenho sede, e as garrafas estão secas, secas como tua face como nossas gargantas?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Noite na Taverna- Capítulo II - Solfieri



SOLFIERI
...Yet one kiss on your pale clayAnd those lips once so warm — my heart! my heart!Cain. Byron
— Sabei-lo. Roma é a cidade do fanatismo e da perdição: na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o Crucifixo lívido. É um requintar de gozo blasfemo que mescla o sacrilégio à convulsão do amor, o beijo lascivo à embriaguez da crença!
— Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai ela no verão pôr aquele céu morno, o fresco das águas se exalava como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia bela. Eu passeava a sós pela ponte de... As luzes se apagaram uma por uma nos palácios, as ruas se fazias ermas, e a lua de sonolenta se escondia no leito de nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa janela solitária e escura. Era uma forma branca. — A face daquela mulher era como a de uma estátua pálida à lua. Pelas faces dela, como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas.
Eu me encostei a aresta de um palácio. A visão desapareceu no escuro da janela... e daí um canto se derramava. Não era só uma voz melodiosa: havia naquele cantar um como choro de frenesi, um como gemer de insânia: aquela voz era sombria como a do vento a noite nos cemitérios cantando a nênia das flores murchas da morte.
Depois o canto calou-se. A mulher apareceu na porta. Parecia espreitar se havia alguém nas ruas. Não viu a ninguém: saiu. Eu segui-a.
A noite ia cada vez mais alta: a lua sumira-se no céu, e a chuva caía as gotas pesadas: apenas eu sentia nas faces caírem-me grossas lágrimas de água, como sobre um túmulo prantos de órfão.
Andamos longo tempo pelo labirinto das ruas: enfim ela parou: estávamos num campo.
Aqui, ali, além eram cruzes que se erguiam de entre o ervaçal. Ela ajoelhou-se. Parecia soluçar: em torno dela passavam as aves da noite.
Não sei se adormeci: sei apenas que quando amanheceu achei-me a sós no cemitério. Contudo a criatura pálida não fora uma ilusão: as urzes, as cicutas do campo-santo estavam quebradas junto a uma cruz.
O frio da noite, aquele sono dormido à chuva, causaram-me uma febre. No meu delírio passava e repassava aquela brancura de mulher, gemiam aqueles soluços e todo aquele devaneio se perdia num canto suavíssimo...
Um ano depois voltei a Roma. Nos beijos das mulheres nada me saciava: no sono da saciedade me vinha aquela visão...
Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: nos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite...
Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal apertados... Era uma defunta! ... e aqueles traços todos me lembraram uma idéia perdida. . — Era o anjo do cemitério? Cerrei as portas da igreja, que, ignoro por que, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo...
Sabeis a historia de Maria Stuart degolada e o algoz, "do cadáver sem cabeça e o homem sem coração" como a conta Brantôme? — Foi uma idéia singular a que eu tive. Tomei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos lábios. Ela era bela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a capela como o noivo as despe a noiva. Era mesmo uma estátua: tão branca era ela. A luz dos tocheiros dava-lhe aquela palidez de âmbar que lustra os mármores antigos. O gozo foi fervoroso — cevei em perdição aquela vigília. A madrugada passava já frouxa nas janelas. Àquele calor de meu peito, à febre de meus lábios, à convulsão de meu amor, a donzela pálida parecia reanimar-se. Súbito abriu os olhos empanados. Luz sombria alumiou-os como a de uma estrela entre névoa, apertou-me em seus braços, um suspiro ondeou-lhe nos beiços azulados... Não era já a morte: era um desmaio. No aperto daquele abraço havia contudo alguma coisa de horrível. O leito de lájea onde eu passara uma hora de embriaguez me resfriava. Pude a custo soltar-me daquele aperto do peito dela... Nesse instante ela acordou…
Nunca ouvistes falar da catalepsia? É um pesadelo horrível aquele que gira ao acordado que emparedam num sepulcro; sonho gelado em que sentem-se os membros tolhidos, e as faces banhadas de lágrimas alheias sem poder revelar a vida!
A moça revivia a pouco e pouco. Ao acordar desmaiara. Embucei-me na capa e tomei-a nos braços coberta com seu sudário como uma criança. Ao aproximar-me da porta topei num corpo; abaixei-me, olhei: era algum coveiro do cemitério da igreja que aí dormira de ébrio, esquecido de fechar a porta .
Saí. Ao passar a praça encontrei uma patrulha.
— Que levas aí?
A noite era muito alta: talvez me cressem um ladrão.
— É minha mulher que vai desmaiada...
— Uma mulher!... Mas essa roupa branca e longa? Serás acaso roubador de cadáveres?
Um guarda aproximou-se. Tocou-lhe a fronte: era fria.
— É uma defunta...
Cheguei meus lábios aos dela. Senti um bafejo morno. — Era a vida ainda.
— Vede, disse eu.
O guarda chegou-lhe os lábios: os beiços ásperos roçaram pelos da moça. Se eu sentisse o estalar de um beijo... o punhal já estava nu em minhas mãos frias...
— Boa noite, moço: podes seguir, disse ele.
Caminhei. — Estava cansado. Custava a carregar o meu fardo; e eu sentia que a moça ia despertar. Temeroso de que ouvissem-na gritar e acudissem, corri com mais esforço.
Quando eu passei a porta ela acordou. O primeiro som que lhe saiu da boca foi um grito de medo...
Mal eu fechara a porta, bateram nela. Era um bando de libertinos meus companheiros que voltavam da orgia. Reclamaram que abrisse.
Fechei a moça no meu quarto, e abri.
Meia hora depois eu os deixava na sala bebendo ainda. A turvação da embriaguez fez que não notassem minha ausência.
Quando entrei no quarto da moça vi-a erguida. Ria de um rir convulso como a insânia, e frio como a folha de uma espada. Trespassava de dor o ouvi-la.
Dois dias e duas noites levou ela de febre assim... Não houve como sanar-lhe aquele delírio, nem o rir do frenesi. Morreu depois de duas noites e dois dias de delírio.
A noite saí; fui ter com um estatuário que trabalhava perfeitamente em cera, e paguei-lhe uma estátua dessa virgem.
Quando o escultor saiu, levantei os tijolos de mármore do meu quarto, e com as mãos cavei aí um túmulo. Tomei-a então pela última vez nos braços, apertei-a a meu peito muda e fria, beijei-a e cobri-a adormecida do sono eterno com o lençol de seu leito. Fechei-a no seu túmulo e estendi meu leito sobre ele.
Um ano — noite a noite — dormi sobre as lajes que a cobriam. Um dia o estatuário me trouxe a sua obra. Paguei-lha e paguei o segredo...
— Não te lembras, Bertram, de uma forma branca de mulher que entreviste pelo véu do meu cortinado? Não te lembras que eu te respondi que era uma virgem que dormia?
— E quem era essa mulher, Solfieri?
— Quem era? seu nome?
— Quem se importa com uma palavra quando sente que o vinho lhe queima assaz os lábios? quem pergunta o nome da prostituta com quem dormia e que sentiu morrer a seus beijos, quando nem há dele mister por escrever-lho na lousa?
Solfieri encheu uma taça e bebeu-a. Ia erguer-se da mesa quando um dos convivas tomou-o pelo braço.
— Solfieri, não é um conto isso tudo?
— Pelo inferno que não! por meu pai que era conde e bandido, por minha mãe que era a bela Messalina das ruas, pela perdição que não! Desde que eu próprio calquei aquela mulher com meus pés na sua cova de terra, eu vô-lo juro — guardei-lhe como amuleto a capela de defunta. Hei-la!
Abriu a camisa, e viram-lhe ao pescoço uma grinalda de flores mirradas.
—Vede-la murcha e seca como o crânio dela!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Só pra tirar onda com os homens kkkkk


Dicionário para entender os homens
________________________________________
Estou com fome
Tradução: Estou com fome.

Estou com sono
Tradução: Estou com sono.

Estou cansado
Tradução: Estou cansado.

Quer ir ao cinema?
Tradução: Gostaria de transar?

Posso te levar para jantar?
Tradução: Gostaria de transar?

Posso te ligar?
Tradução: Gostaria de transar?

Quer dançar comigo?
Tradução: Gostaria de transar?

Bonito vestido!
Tradução: Que decote! Gostaria de transar?

Você parece tensa, deixe-me fazer uma massagem
Tradução: Gostaria de transar?

Estou chateado
Tradução: Quer transar?

Eu te amo
Tradução: Quero transar agora.

Vamos conversar
Tradução: Estou querendo mostrar como sou uma pessoa sensível e, por isso, talvez você queira transar comigo.

Quer casar comigo?
Tradução: Não quero que você transe com outros.

Gostei mais desse
Tradução: Pegue qualquer vestido e vamos transar logo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Noite na taverna - Àlvares de Azevedo 1º capítulo

NOITE NA TAVERNA

How now, Horatio? You tremble, and look
pale. Is not this something more
than phantasy? What think you of it?
Hamlet. Ato I. Shakespeare

I
UMA NOITE DO SÉCULO
Bebamos! nem um canto de saudade!
Morrem na embriaguez da vida as dores!
Que importam sonhos, ilusões desfeitas?
Fenecem como as flores!
José Bonifácio

— Silêncio, moços! acabai com essas cantilenas horríveis! Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naquelas pálpebras onde a beleza sigilou os olhares da volúpia?
— Cala-te, Johann! enquanto as mulheres dormem e Arnold — o louro, cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia de Tieck, que música mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu como um bando de corvos errantes, e a lua desmaia como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passada ao reflexo das taças?
— És um louco, Bertram! não é a lua que lá vai macilenta: e o relâmpago que passa e ri de escárnio as agonias do povo que morre... aos soluços que seguem as mortalhas do cólera!
— O cólera! e que importa? Não há por ora vida bastante nas veias do homem? não borbulha a febre ainda as ondas do vinho? não reluz em todo o seu fogo a lâmpada da vida na lanterna do crânio?
— Vinho! vinho! Não vês que as taças estão vazias bebemos o vácuo, como um sonâmbulo?
— É o Fichtismo na embriaguez! Espiritualista, bebe a imaterialidade da embriaguez!
— Oh! vazio! meu copo esta vazio! Olá taverneira, não vês que as garrafas estão esgotadas? Não sabes, desgraçada, que os lábios da garrafa são como os da mulher: só valem beijos enquanto o fogo do vinho ou o fogo do amor os borrifa de lava?
— O vinho acabou-se nos copos, Bertram, mas o fumo ondula ainda nos cachimbos! Após os vapores do vinho os vapores da fumaça! Senhores, em nome de todas as nossas reminiscências, de todos os nossos sonhos que mentiram, de todas as nossas esperanças que desbotaram, uma última saúde! A taverneira ai nos trouxe mais vinho: uma saúde! O fumo e a imagem do idealismo, e o transunto de tudo quanto ha mais vaporoso naquele espiritualismo que nos fala da imortalidade da alma! e pois, ao fumo das Antilhas, a imortalidade da alma!
— Bravo! bravo!
Um urrah! tríplice respondeu ao moço meio ébrio.
Um conviva se ergueu entre a vozeria: contrastavam-lhe com as faces de moço as rugas da fronte e a rouxidão dos lábios convulsos. Por entre os cabelos prateava-se-lhe o reflexo das luzes do festim. Falou:
— Calai-vos, malditos! a imortalidade da alma!? pobres doidos! e porque a alma é bela, por que não concebeis que esse ideal posse tornar-se em lodo e podridão, como as faces belas da virgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! nunca velada levastes porventura uma noite a cabeceira de um cadáver? E então não duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e aquela fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrir-se, que era apenas o ópio do sono que emudecia aquele homem? Imortalidade da alma! e por que também não sonhar a das flores, a das brisas, a dos perfumes? Oh! não mil vezes! a alma não é como a lua, sempre moça, nua e bela em sue virgindade eterna! a vida não e mais que a reunião ao acaso das moléculas atraídas: o que era um corpo de mulher vai porventura transformar-se num cipreste ou numa nuvem de miasmas; o que era um corpo do verme vai alvejar-se no cálice da flor ou na fronte da criança mais loira e bela. Como Schiller o disse, o átomo da inteligência de Platão foi talvez para o coração de um ser impuro. Por isso eu vo-lo direi: se entendeis a imortalidade pela metempsicose, bem! talvez eu a creia um pouco; pelo platonismo, não!
— Solfieri! és um insensato! o materialismo é árido como o deserto, é escuro como um túmulo! A nós frontes queimadas pelo mormaço do sol da vida, a nós sobre cuja cabeça a velhice regelou os cabelos, essas crenças frias? A nós os sonhos do espiritualismo.
— Archibald! deveras, que é um sonho tudo isso! No outro tempo o sonho da minha cabeceira era o espírito puro ajoelhado no seu manto argênteo, num oceano de aromas e luzes! Ilusões! a realidade é a febre do libertino, a taça na mão, a lascívia nos lábios, e a mulher seminua, trêmula e palpitante sobre os joelhos.
— Blasfêmia! e não crês em mais nada? teu ceticismo derribou todas as estátuas do teu templo, mesmo a de Deus?
— Deus! crer em Deus!?... sim! como o grito íntimo o revela nas horas frias do medo, nas horas em que se tirita de susto e que a morte parece roçar úmida por nós! Na jangada do náufrago, no cadafalso, no deserto, sempre banhado do suor frio do terror e que vem a crença em Deus! Crer nele como a utopia do bem absoluto, o sol da luz e do amor, muito bem! Mas, se entendeis por ele os ídolos que os homens ergueram banhados de sangue e o fanatismo beija em sua inanimação de mármore de há cinco mil anos... não creio nele!
— E os livros santos?
— Miséria! quando me vierdes falar em poesia eu vos direi: aí há folhas inspiradas pela natureza ardente daquela terra como nem Homero as sonhou, como a humanidade inteira ajoelhada sobre os túmulos do passado nunca mais lembrará! Mas, quando me falarem em verdades religiosas, em visões santas, nos desvarios daquele povo estúpido, eu vos direi: miséria! miséria! três vezes miséria! Tudo aquilo é falso: mentiram como as miragens do deserto!
— Estas ébrio, Johann! O ateísmo é a insânia como o idealismo místico de Schelling, o panteísmo de Spinoza — o judeu, e o esterismo crente de Malebranche nos seus sonhos da visão em Deus. A verdadeira filosofia e o epicurismo. Hume bem o disse: o fim do homem é o prazer. Daí vede que é o elemento sensível quem domina. E pois ergamo-nos, nos que amanhecemos nas noites desbotadas de estudo insano, e vimos que a ciência é falsa e esquiva, que ela mente e embriaga como um beijo de mulher.
— Bem! muito bem! é um toast de respeito!
— Quero que todos se levantem, e com a cabeça descoberta digam-no: Ao Deus Pã da natureza, aquele que a antigüidade chamou Baco o filho das coxas de um deus e do amor de uma mulher, e que nos chamamos melhor pelo seu nome — o vinho!...
— Ao vinho! ao vinho!
Os copos caíram vazios na mesa.
— Agora ouvi-me, senhores! entre uma saúde e uma baforada de fumaça, quando as cabeças queimam e os cotovelos se estendem na toalha molhada de vinho, como os braços do carniceiro no cepo gotejante, o que nos cabe é uma historia sanguinolenta, um daqueles contos fantásticos como Hoffmann os delirava ao clarão dourado do Johannisberg!
— Uma história medonha, não, Archibald? falou um moço pálido que a esse reclamo erguera a cabeça amarelenta. Pois bem, dir-vos-ei uma historia. Mas quanto a essa, podeis tremer a gosto, podeis suar a frio da fronte grossas bagas de terror. Não é um conto, é uma lembrança do passado.
— Solfieri! Solfieri! aí vens com teus sonhos!
— Conta!
Solfieri falou: os mais fizeram silêncio.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Cavaleiro das Sombras e a Dona da Noite


Ele pertence as sombras.
Ela é a dona da noite.
Ele anda na noite como um leão anda na selva.
Ela é tão linda como uma lua cheia em noite de verão.
Ele vê o que os outros não podem ver,senti coisas que os outros não podem sentir.
Ela é feliz e triste,bela e sombria.Sua inteligencia é tão grande quanto sua beleza.
Ele sabe o seu valor,e mesmo assim não acha que sejá melhor que ninguém.
Ela é tão dificil e atraente como um mar em fúria.Tão serena e tempestuosa.
Ele tem um coração de gelo.
Ela é capaz de derreter os mais gélidos corações.
Ele não domina as sombras,faz parte dela.
Ela e a noite são uma só.
Ele raramente sorri.
Ela tem um sorriso tão belo quanto uma rosa.
Ele tem olhos tão escuros quato as sombras,tenta nunca demostrar emoções,mas seu beijo e cheio de sentimento e seu abraço quente e aconchegante.
Ela tem cabelos tão negros quanto a noite,seus olhos são tão penetrantes quanto uma lamina de aço,seu abraço tão carinhoso quanto o de uma mãe segurando seu bebe.
O cavaleiro das sombras anda lado a lado com a dama da noite.
Até surgi um inimigo em comum,e eles se separam.
Eles sofrem,mas sabem que a separação é temporária.
Logo que a luz se for eles se encontraram novamente.
Por quê a noite não morre,apenas muda de lugar,a noite é eterna.
E as sombras fazem parte dela.